Soneto 2
(Herbert Haeckel)
Arde em meu peito uma paixão pungente,
Que despedaça, fere, dilacera
A alma inquieta e o coração lugente,
E os dias meus sega, como uma fera...
É um sofrer tal que, de amor querente,
Desvanece a inveraz, falsa quimera,
E cega a visão, co'a adaga inclemente,
De quem, em vão, algum amor espera...
Este amor fugidiço, 'inda intangível,
Disperde-me em antínoma vontade,
De adorar-te ou de ter-te em conjunção...
Mas como pode então ser compreensível,
Ter alguém a outro o amor, se na verdade
O amor que tem por si é só ilusão?