segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Carminis X - Herbert Haeckel





Carminis X
(Herbert Haeckel) 

Teus olhos lacrimosos... Por que choras,
Se amor me tens e a ti amor eu tenho?
Nada deves temer se não te floras,
Se aos meus olhos és luz a que me atenho,

Se no algor temerando me acaloras,
Se nos braços teus é que me detenho,
Se tens o viço intenso das auroras,
Mesmo que o tempo atroz marque teu cenho...

Não percebes tu que vem da alma o amor
Sincero? Se mil sóis já se passaram,
Nada importa a quem ama com fervor,

Nada importa a quem ama de verdade,
Porquanto aos corações que já amaram
Não há vaidade, não há vanidade!


sábado, 28 de novembro de 2009

Dicas de Gramática - Uso dos pronomes pessoais...



«Tô com saudade de tu, meu desejo» (da música «Gostoso demais»). Apesar da liberdade poética, esta construção de tu é repugnante aos ouvidos.Tolera-se até o (em lugar de estou...), mas o pronome pessoal do caso reto eu ou tu vir regido por preposição? Não, definitivamente, não está correto! Quem diz que está com saudade de tu não sabe o que é saudade ou não tem saudade de ninguém... O correto é dizer estou com saudade de ti, porque os oblíquos, todos, sim, podem vir regidos por preposição. Da mesma forma, não se pode dizer «entre eu e ela», mas «entre mim e ela (os pronomes retos ele, nós e vós podem funcionar como regimes de preposição), «entre mim e ti», «entre ti e mim», «entre ela e mim», «entre ti e ela», «entre nós e eles»... Por este motivo, também, que se não pode dizer «esta cama é para eu», porquanto eu não pode ser regime de preposição; diz-se, então, «esta cama é para mim». Se houver um verbo no infinitivo após o pronome, o verbo é que passa a ser o regime da preposição; o pronome funciona como sujeito do infinitivo, razão pela qual somente pode vir no caso reto. Deve-se, pois, dizer «esta cama é para eu dormir» - nunca «para mim dormir», porque o oblíquo mim não pode ter função subjetiva.
E por falar em sujeito do infinitivo... Às vezes, somos surpreendidos com afirmações como esta: «vi ela sorrir». Na regra geral, os pronomes pessoais do caso reto têm sempre a função de sujeito; os do caso oblíquo têm função de complemento do verbo. Entretanto, há casos em que o pronome oblíquo desempenha a função de sujeito. Em orações em que entram os verbos deixar, fazer, mandar, ouvir, sentir e ver, e que tenham como objeto outro verbo no infinitivo, os oblíquos são sujeitos do verbo no infinitivo - quando são denominados sujeitos acusativos. Como um pronome reto nunca, sem exceção, pode ser complemento de um verbo, a construção «vi ela sorrir» é incorreta, porque ela sorrir é complemento do verbo ver - ela é sujeito do verbo sorrir, que, por sua vez, é complemento do verbo ver. Então, deve-se assim dizer: «viu-a sorrir». Outros exemplos: «deixei-o jogar primeiro», «fi-la devolver o casaco», «mandei-os construir a casa», «ouviu-a cantar», «sentia-a aproximar», «viram-no escapar pela janela»...


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Soneto 24 - Gregório de Matos



Aos 314 anos da morte do maior dos poetas barrocos brasileiros...




Soneto 24
(Gregório de Matos)

Anjo no nome, Angélica na cara,
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara?

Quem veria uma flor, que não a cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que, por seu Deus, o não idolatrara?

Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.


 

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Soneto 8 - Herbert Haeckel


Soneto 8
(Herbert Haeckel)

Necrofágica larva a trabalhar, 
Pertinaz, no soturno de um carneiro...
Luta incessantemente, sem falhar,
Pela vida, na morte, o carniceiro.

Incôndito, o vermículo, a talhar
A carne putrefeita ao derradeiro
Aspeto, vai o defunto amortalhar,
Mas não pode roê-lo por inteiro...

Cadaverina, putrescina... Suma
Cadavérica, que o verme incitado
Nutre-se, de apetite mui incomum...

E não há de recusar carne alguma:
Bonito ou feio, pobre ou abastado,
Negro ou branco terá um fim comum!


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Soneto 1 - À Carolina - Machado de Assis


Soneto 1 - À CAROLINA
(Machado de Assis)

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.


 

domingo, 15 de novembro de 2009

A Minha Estrela - Augusto dos Anjos


A Minha Estrela
(Augusto dos Anjos)

E eu disse - Vai-te, estrela do Passado!
Esconde-te no Azul da Imensidade,
Lá onde nunca chegue esta saudade,
- A sombra deste afeto estiolado.

Disse, e a estrela foi p'ra o Céu subindo,
Minh'alma que de longe a acompanhava,
Viu o adeus que do Céu ela enviava,
E quando ela no Azul foi-se sumindo

Surgia a Aurora - a mágica princesa!
E eu vi o Sol do Céu iluminando
A Catedral da Grande Natureza.

Mas a noute chegou, triste, com ela
Negras sombras também foram chegando,
E nunca mais eu vi a minha estrela!





Lirial - Augusto dos Anjos


Lirial
(Augusto dos Anjos)

Por que choras assim, tristonho lírio,
Se eu sou o orvalho eterno que te chora,
P'ra que pendes o cálice que enflora
Teu seio branco do palor do círio?!

Baixa a mim, irmã pálida da Aurora,
Estrela esmaecida do Martírio;
Envolto da tristeza no delírio,
Deixa beijar-te a face que descora!

Fosses antes a rosa purpurina
E eu beijaria a pétala divina
Da rosa, onde não pousa a desventura.

Ai! que ao menos talvez na vida escassa
Não chorasses à sombra da desgraça,
Para eu sorrir à sombra da ventura!



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Eterna Mágoa - Augusto dos Anjos



Eterna Mágoa
(Augusto dos Anjos)

O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!

Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

No Campo - Augusto dos Anjos


No Campo
(Augusto dos Anjos)

Tarde. Um arroio canta pela umbrosa
Estrada; as águas límpidas alvejam
Como cristais. Aragem suspirosa
Agita os roseirais que ali vicejam.

No alto, entretanto, os astros rumorejam
Um presságio de noute luminosa
E ei-la que assoma - a Louca tenebrosa,
Branca, emergindo às trevas que a negrejam.

Chora a corrente múrmura, e, à dolente
Unção da noute, as flores também choram
Num chuveiro de pétalas, nitente,

Pendem e caem - os roseirais descoram
E elas boiam no pranto da corrente
Que as rosas, ao luar, chorando enfloram.


 

Vencedor - Augusto dos Anjos


Vencedor
(Augusto dos Anjos)

Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E à rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração - estranho carniceiro!

Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pôde domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem...
E não pôde domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!


 

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dicas de Gramática - Uso do gerúndio...


Uso do gerúndio...  

Uma das formas nominais do verbo, o gerúndio tem sido utilizado de forma incorreta. Em particular, ataca-se somente o odioso gerundismo decorrente de um anglicismo (quando se traduz o future continuous). Todavia, é prudente, também, evitar os galicismos, quando da utilização da forma gerundial.

A principal função do gerúndio, em razão da sua correspondência com o particípio presente latino, é a de adjetivo.

Outras funções são atribuídas às formas gerundiais: a) modificativo de um verbo – exercendo a função de adjunto adverbial (de modo, de causa, de concessão, de condição, de meio, de modo e de tempo), e. g. «É o que vais entender, lendo» (Machado de Assis, Dom Casmurro) ; b) para a formação de verbos perifrásticos (locuções verbais) freqüentativos – que indicam a idéia de ação continuada, e. g. «Ele vive estudando» - e incoativos – que, constituídos pelos verbos ir ou vir, junto a um gerúndio de qualquer verbo, expressam a idéia de começo ou desenvolvimento gradual de uma ação, e. g. «Ela vem vindo»; c) predicativo (pode, também, mas raramente, ser utilizado como sujeito), e. g. «Ele está estudando» (predicativo), «Prendendo-o seria cometer terrível injustiça» (sujeito); d) aposto do sujeito, e. g. «Maria, apiedando-se do sofrimento, estendeu-lhe a mão»; e) em orações reduzidas de gerúndio que correspondam ao ablativo absoluto latino, e. g. «não deu por mim, voltou e, abafando a voz, disse que a dificuldade estava na casa ao pé, a gente do Pádua» (Machado de Assis, Dom Casmurro); e, finalmente, f) em orações em que o gerúndio for conversível em uma subordinada adverbial de tempo, iniciada pelo advérbio quando ou pelo infinitivo regido da preposição a, e. g. «Prima Glória pode ser que, em passando os dias, vá esquecendo a promessa» (Machado de Assis, Dom Casmurro).

Qualquer outra função é galicismo ou anglicismo, o que configura um erro.

As construções que têm por base a forma inglesa do future continuous não devem ser traduzidas literalmente, sob pena de cometer um dos famosos gerundismos: «I will be sending» não deve ser traduzido como «eu vou estar enviando», mas como «eu enviarei».  O future continuous é utilizado para descrever ações que ocorrerão num determinado momento no futuro, ou para perguntar sobre os planos de alguém, ou pedir informações sobre algo, de uma forma gentil – a expressão «This time tomorrow I will be working» deve ser traduzida para «Amanhã neste horário trabalharei» (e não para «Amanhã neste horário eu vou estar trabalhando»); «Will you be coming whit your mother?» deve ser traduzido para «Você virá com sua mãe?» (e não para «Você vai estar vindo com sua mãe?»).

Plenilúnio - Augusto dos Anjos


Plenilúnio
 (Augusto dos Anjos)


Desmaia o plenilúnio. A gaze pálida
Que lhe serve de alvíssimo sudário
Respira essências raras, toda a cálida
Mística essência desse alampadário.

E a lua é como um pálido sacrário,
Onde as almas das virgens em crisálida
De seios alvos e de fronte pálida,
Derramam a urna dum perfume vário.

Voga a lua na etérea imensidade!
Ela, eterna noctâmbula do Amor,
Eu, noctâmbulo da Dor e da Saudade.

Ah! como a branca e merencórea lua,
Também envolta num sudário - a Dor,
Minh'alma triste pelos céus flutua!


 

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Árvore da Serra - Augusto dos Anjos


A Árvore da Serra
(Augusto dos Anjos)

- As árvores, meu filho, não têm alma! 
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!


Pensamentos...



«Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração.» (Kant)

«Assim como se diz que a hipocrisia é o maior elogio da virtude, a arte de mentir é o mais forte reconhecimento da força da verdade.» (William Hazlitt)

«Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela.» (Confúcio)

«A água corre tranqüila quando o rio é fundo.» (William Shakespeare)

«O repouso é bom, mas o tédio é irmão do repouso.» (Voltaire)

«Você será avarento se conviver com homens mesquinhos e avarentos. Será vaidoso se conviver com homens arrogantes. Jamais se livrará da crueldade se compartilhar sua casa com um torturador. Alimentará sua luxúria confraternizando-se com os adúlteros. Se quer livrar-se de seus vícios, mantenha-se afastado do exemplo dos viciados.» (Sêneca)

«É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja» (Demóstenes)

«Precisamos parecer um pouco com os outros para compreender os outros, mas precisamos ser um pouco diferentes para amá-los.» (Paul Géraldy)

«O que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano.» (Isaac Newton)

«Na atual sociedade, em que os valores estão invertidos, o dinheiro é capaz de comprar tudo, inclusive a verdade, a amizade e o amor. Mas, findo o dinheiro, esgotam-se, também, e ao mesmo tempo, as verdades, as amizades e os amores por ele comprados.» (Herbert Haeckel)

Curiosidades

Calcula-se que há 100 milhões de insetos para cada ser humano.

A maior borboleta do mundo é a Queen Alexandra Birdwing, encontrada numa pequena área da floresta tropical no norte da Papua Nova Guiné. A fêmea, que é maior que o macho, pode chegar a 31 cm de envergadura e ter massa de até 12kg. Está ameaçada de extinção, em razão da destruição de seu habitat natural.

O órgão sexual da aranha macha está localizado no final de uma de suas patas.

As abelhas possuem cinco olhos; três pequenos no topo da cabeça e os dois maiores na frente.

Alguns insetos conseguem viver até um ano sem a cabeça.

Uma barata pode viver até 6 dias sem a cabeça; acaba morrendo de fome, porque não tem como se alimentar.

As formigas comunicam-se por meio do olfato.

Mosquitos são atraídos duas vezes mais pela cor azul do que por qualquer outra cor.

O inseto com o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo é a formiga.

Os mosquitos fêmeos chupam o sangue, porque necessitam das proteínas para desenvolver os ovos que carregam.

Uma asa de mosquito move-se mil vezes a cada segundo.

As moscas domésticas vivem apenas 2 semanas.

Os mosquitos causaram mais mortes do que todas as guerras juntas.

A luz dos vaga-lumes é produzida pela oxidação de uma substância química chamada luciferina na presença de uma enzima chamada luciferase, de ATP (fonte de energia) e de magnésio. A cor e o ritmo da luz variam de acordo com a espécie. O animal pode controlar a produção, a duração e a intermitência (quantas vezes acende e apaga) da luz. A luminescência é um aviso aos inimigos para que se afastem. Nos adultos, também tem a função de atrair a fêmea para o acasalamento.