sábado, 9 de novembro de 2019

CRÔNICAS - Herbert Haeckel

Café “gourmet”
(Herbert Haeckel)


Velório é uma local de respeito a quem se desenvencilha da materialidade orgânica e experimenta novamente as sensações da verdadeira vida. A morte é um processo revolucionário, em que os despojos carnais ingressam, irremediavelmente, em curso de degradação biológica e química, causando, muita vez, o transtorno psíquico naquele que não entende, ou não quer entender, a fenomenologia da morte, diante da plenitude e da ininterrupção da vida.
Policio-me, portanto, com relação à minha conduta para com o recém desencarnado, para que eu não atrapalhe o seu trânsito em retorno à Pátria dos Espíritos.
Espero, sinceramente, que assim também ajam os que se dispuserem a velar meu corpo quando da minha Grande Viagem!
Guardando-me em preces silenciosas, em homenagem a Fortunato Modesto, que abandonara o corpo físico em razão de um susto que levou, fui interrompido por Anísia Tamarineiro, com sua peculiar deseducação. Quão efêmeros me pareceram os longos e prazerosos doze anos durante os quais eu não a vi!
Afastei-me do ataúde. Antes que eu pensasse em fugir dali, Anísia segurou-me pelo braço. Perguntou-me sobre tudo o que achava importante saber, para que, assim que saísse das exéquias de Fortunato, pudesse transformar em maledicências. Respondia-lhe sempre com um “não sei”.
Cansada, quiçá, de tanto perguntar e nada obter de resposta concreta, mudou de assunto. Lembrou-se do velório de Argemiro Borba, quando nos havíamos encontrado pela última vez. Falou-me do inesquecível café, que não cansou de beber enquanto tecia os mexericos sobre Argemiro e suas supostas teúdas e manteúdas, sob o olhar perplexo da pobre e inocente viúva, Dona Osvaldina...
Ah! O café! Elogiado por todos! Uma verdadeira delícia, segundo os presentes no velório de Argemiro! Qual o segredo de saborosíssima bebida? Confesso-vos, meus caríssimos leitores, que não bebi o café - o açúcar, para mim, altera sensivelmente o gosto da bebida. Não aprecio café adoçado. Acaso queirais oferecer-me um café, dai-mo sem açúcar, por favor!
- Pois é, Anísia... O café... Eu é que o fiz!
- Até hoje eu não me esqueço! disse-me Anísia, acenando para Santiaga Fontes, outra reconhecida mexeriqueira, chamando-a para a palestra.
- Mulher, lembra do café que bebemos no velório do depravado Argemiro Borba? Foi ele quem fez! apontando para mim.
Santiaga, que poderia eu supor ser ela a mãe da inveja, balançou a cabeça, como a duvidar. Todavia, pediu-me a receita.
- Acho improvável repetir o mesmo sabor! disse-lhes com extrema convicção... Explico: como não havia uma gota de água na casa do defunto Argemiro, usei a mesma água que banhara o cadáver, antes de colocarem-lhe a mortalha. Estava numa bacia no fundo do quintal... Peguei dessa água! Eis o segredo do inolvidável café!
Depois disso, quando elas me veem na rua, mudam de calçada.
Não pretendo contar-lhes que o defunto de Argemiro, na verdade, não foi banhado, porque a única água que havia era, justamente, para o café a ser servido no velório.
Melhor assim como está... Não correrei, pois, o risco de anojar-me de suas desagradáveis presenças!





Pensamentos...



«Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração.» (Kant)

«Assim como se diz que a hipocrisia é o maior elogio da virtude, a arte de mentir é o mais forte reconhecimento da força da verdade.» (William Hazlitt)

«Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela.» (Confúcio)

«A água corre tranqüila quando o rio é fundo.» (William Shakespeare)

«O repouso é bom, mas o tédio é irmão do repouso.» (Voltaire)

«Você será avarento se conviver com homens mesquinhos e avarentos. Será vaidoso se conviver com homens arrogantes. Jamais se livrará da crueldade se compartilhar sua casa com um torturador. Alimentará sua luxúria confraternizando-se com os adúlteros. Se quer livrar-se de seus vícios, mantenha-se afastado do exemplo dos viciados.» (Sêneca)

«É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja» (Demóstenes)

«Precisamos parecer um pouco com os outros para compreender os outros, mas precisamos ser um pouco diferentes para amá-los.» (Paul Géraldy)

«O que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano.» (Isaac Newton)

«Na atual sociedade, em que os valores estão invertidos, o dinheiro é capaz de comprar tudo, inclusive a verdade, a amizade e o amor. Mas, findo o dinheiro, esgotam-se, também, e ao mesmo tempo, as verdades, as amizades e os amores por ele comprados.» (Herbert Haeckel)

Curiosidades

Calcula-se que há 100 milhões de insetos para cada ser humano.

A maior borboleta do mundo é a Queen Alexandra Birdwing, encontrada numa pequena área da floresta tropical no norte da Papua Nova Guiné. A fêmea, que é maior que o macho, pode chegar a 31 cm de envergadura e ter massa de até 12kg. Está ameaçada de extinção, em razão da destruição de seu habitat natural.

O órgão sexual da aranha macha está localizado no final de uma de suas patas.

As abelhas possuem cinco olhos; três pequenos no topo da cabeça e os dois maiores na frente.

Alguns insetos conseguem viver até um ano sem a cabeça.

Uma barata pode viver até 6 dias sem a cabeça; acaba morrendo de fome, porque não tem como se alimentar.

As formigas comunicam-se por meio do olfato.

Mosquitos são atraídos duas vezes mais pela cor azul do que por qualquer outra cor.

O inseto com o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo é a formiga.

Os mosquitos fêmeos chupam o sangue, porque necessitam das proteínas para desenvolver os ovos que carregam.

Uma asa de mosquito move-se mil vezes a cada segundo.

As moscas domésticas vivem apenas 2 semanas.

Os mosquitos causaram mais mortes do que todas as guerras juntas.

A luz dos vaga-lumes é produzida pela oxidação de uma substância química chamada luciferina na presença de uma enzima chamada luciferase, de ATP (fonte de energia) e de magnésio. A cor e o ritmo da luz variam de acordo com a espécie. O animal pode controlar a produção, a duração e a intermitência (quantas vezes acende e apaga) da luz. A luminescência é um aviso aos inimigos para que se afastem. Nos adultos, também tem a função de atrair a fêmea para o acasalamento.