terça-feira, 3 de março de 2020

CRÔNICAS - Herbert Haeckel

A cada um segundo as suas obras...
(Herbert Haeckel)


Ante a pia batismal, deram-lhe o nome Agripino Ramos. Era o quinto de oito filhos. Aos catorze anos, era o mais velho entre os quatro que a morte não visitou.
Seu pai despenhara-se no abismo de concreto – não sei se é apenas uma construção metafórica, ou se realmente veio bater no chão, despedaçando-se... Mas, tento ser fiel ao que me foi narrado.
Por injunção, virou arrimo. Único homem da casa.
Foi ser engraxate nas ruas. Perambulava pela Líbero Badaró, ali nas cercanias do edifício Saldanha Marinho, e pela São João. E nas proximidades do restaurante A Brasileira, onde hoje é o Guanabara, conheceu o imigrante italiano Giulio Catafesta.
Certa vez, Agripino, para não manchar da graxa preta a barra das calças de linho, sem água para borrifar, lambeu os sapatos de Giulio.
Sua subserviência valeu-lhe um emprego na Catafesta Têxtil. Virou, posso assim dizer, o braço direito de Giulio Catafesta.
Agripino, já com vinte e cinco anos, chegou a gerente. Giulio encantara-se com Deolinda, a irmã mais nova de Agripino, que mal completara quinze anos. Giulio qui-la. Agripino deu-lha. Em troca, o cargo de gerente.
Dos pequenos delitos, dos tempos de rua, passou Agripino a empreender outros de maior complexidade. Já via com mais clareza a possibilidade de ganhos com a ilicitude. Para isso, faltava-lhe a noção de boa moral. Esperar uma boa conduta de Agripino é esperar colheita em solo sáfaro.

Não se lhe assentou uma gota sequer de remorso diante da notícia de que Deolinda, depois de ser violentada por Giulio, de ser humilhada, jogara-se embaixo de um trem na Estrada de Ferro Central do Brasil. Para desespero somente de Abílio Pereira, cujo coração, dado em promessa a Deolinda, despedaçou-se também nos trilhos da Central.  

Tal era a subjunção de Agripino a Giulio, tal era a promiscuidade entre ambos, já se referiam a ele como “Agripino do Catafesta”.
Conseguiu na justiça, num processo em que gastou uma considerável soma em dinheiro, principalmente para convencer o venal juiz Vasco Modesto, acrescer ao seu nome o Catafesta de Giulio. Passou, então, a assinar Agripino Catafesta – sob o protesto de um e outro Catafesta, que não aprovavam o uso do nome familial por pessoa, digamos assim, de índole contestável.
Não, meus caríssimos leitores, não é meu este juízo de valores! Quem diz que Agripino Catafesta não é gente de boa conduta é quem o conhece. Nunca o vi!
Agripino candidatou-se a deputado. Elegeu-se. Já contava com invejável patrimônio, e passou a ser sua a fábrica de tecidos em que teve o primeiro e único emprego. Giulio afirma que foi enganado...
Agripino vive nos noticiários. Contrabando, sonegação fiscal, improbidade administrativa, crime ambiental, porte ilegal de arma de fogo, corrupção, formação de quadrilha... Uma lista variada e quase infindável de delitos... Por último, um balão dirigível carregado de metanfetamina foi apreendido em uma de suas fazendas. Agripino nega peremptoriamente que a fazenda seja sua.
Malgrado tantos crimes, Agripino segue livre e solto, presidindo o clube de seu coração. Soube há pouco, por intermédio do amigo jornalista Oswaldo Porto, que Agripino ameaça virar ministro.
Giulio Catafesta, hoje com 98 anos, morando num asilo mantido pela Irmandade de São Frumêncio, falou-me ao fim de nossa palestra, após escarrar:
- Porca miseria! Maledetto il giorno che l’ho incontrato quello farabutto!
Fitei-o. A cada um segundo as suas obras...

Pensamentos...



«Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração.» (Kant)

«Assim como se diz que a hipocrisia é o maior elogio da virtude, a arte de mentir é o mais forte reconhecimento da força da verdade.» (William Hazlitt)

«Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela.» (Confúcio)

«A água corre tranqüila quando o rio é fundo.» (William Shakespeare)

«O repouso é bom, mas o tédio é irmão do repouso.» (Voltaire)

«Você será avarento se conviver com homens mesquinhos e avarentos. Será vaidoso se conviver com homens arrogantes. Jamais se livrará da crueldade se compartilhar sua casa com um torturador. Alimentará sua luxúria confraternizando-se com os adúlteros. Se quer livrar-se de seus vícios, mantenha-se afastado do exemplo dos viciados.» (Sêneca)

«É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja» (Demóstenes)

«Precisamos parecer um pouco com os outros para compreender os outros, mas precisamos ser um pouco diferentes para amá-los.» (Paul Géraldy)

«O que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano.» (Isaac Newton)

«Na atual sociedade, em que os valores estão invertidos, o dinheiro é capaz de comprar tudo, inclusive a verdade, a amizade e o amor. Mas, findo o dinheiro, esgotam-se, também, e ao mesmo tempo, as verdades, as amizades e os amores por ele comprados.» (Herbert Haeckel)

Curiosidades

Calcula-se que há 100 milhões de insetos para cada ser humano.

A maior borboleta do mundo é a Queen Alexandra Birdwing, encontrada numa pequena área da floresta tropical no norte da Papua Nova Guiné. A fêmea, que é maior que o macho, pode chegar a 31 cm de envergadura e ter massa de até 12kg. Está ameaçada de extinção, em razão da destruição de seu habitat natural.

O órgão sexual da aranha macha está localizado no final de uma de suas patas.

As abelhas possuem cinco olhos; três pequenos no topo da cabeça e os dois maiores na frente.

Alguns insetos conseguem viver até um ano sem a cabeça.

Uma barata pode viver até 6 dias sem a cabeça; acaba morrendo de fome, porque não tem como se alimentar.

As formigas comunicam-se por meio do olfato.

Mosquitos são atraídos duas vezes mais pela cor azul do que por qualquer outra cor.

O inseto com o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo é a formiga.

Os mosquitos fêmeos chupam o sangue, porque necessitam das proteínas para desenvolver os ovos que carregam.

Uma asa de mosquito move-se mil vezes a cada segundo.

As moscas domésticas vivem apenas 2 semanas.

Os mosquitos causaram mais mortes do que todas as guerras juntas.

A luz dos vaga-lumes é produzida pela oxidação de uma substância química chamada luciferina na presença de uma enzima chamada luciferase, de ATP (fonte de energia) e de magnésio. A cor e o ritmo da luz variam de acordo com a espécie. O animal pode controlar a produção, a duração e a intermitência (quantas vezes acende e apaga) da luz. A luminescência é um aviso aos inimigos para que se afastem. Nos adultos, também tem a função de atrair a fêmea para o acasalamento.