sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Carminis VIII - Herbert Haeckel


Carminis VIII
(Herbert Haeckel)

Toma conta de minha alma o inverno cruel... 
Na latebrosa noite, em que só eu me encontro,
Diante da tormenta, expiação terrível,
Eu me abnuo, calado, e então sofro, e me prostro...

Entristecido, choro, e a mágoa invencível
Inunda-me, e me invade o peito com frio austro...
E se o calor imane ora inflama a alma argel,
Não serena este algor, se me encontro assim claustro,

Porque se distas, meu peito plange a tristeza
De estar de ti mui longe, excídio este tão bruto...
Mas se me achegas, és para minh'alma o bálsamo,

E repeles a dor, de inarrável crueza,
Retirando-me assim a sensação do luto,
Pois que, sinceramente, a ti, mais que a mim, amo!


segunda-feira, 24 de agosto de 2009

E a Reforma Ortográfica... - Herbert Haeckel


Estava relutando em escrever qualquer coisa sobre o Acordo Ortográfico. Mas, sinceramente, não me poderia furtar de lançar-lhe as merecidas pedras (sutilmente!)...
Primeiramente, a tal reforma, como outras que lhe antecederam, serve, tão-somente, para brindar aqueles que não têm domínio no vernáculo. E por uma questão de praticidade, de ser o caminho mais curto, menos penoso, seria melhor achincalhar o idioma a promover melhorias no seu ensino.
É de bom alvitre assertar que não sou contra o dinamismo de uma língua. Ao contrário, entendo que o fenômeno lingüístico é, por excelência, dinâmico. Entretanto, devemos ir com calma!
Esse dinamismo deve ser natural e, principalmente, adequar-se ao gênio do idioma. É, também, uma questão de necessidade, uma vez que novos conceitos, novas coisas passam a existir, o que impõe ao idioma a transformação e a criação (criteriosa) de novos vocábulos. Neste sentido, há, inclusive, neologismos aceitáveis, quando existe um critério para a formação do novo vocábulo – quando sem critérios ou, até mesmo, desnecessários, os neologismos são inaceitáveis e, conseqüentemente, considerados vícios de linguagem. Mas, forçar mudanças simplesmente por mudar, para fazer valer os desígnios de uns poucos, para beneficiar este ou aquele, ou porque uma parcela das pessoas desconhece o idioma é, no mínimo, uma aberração.
E mais: a justificativa de unificar o idioma é totalmente descabida. Por que unificar o que foi diferençado ao longo do tempo, em virtude de fatores culturais?
Outra coisa interessante a notar é que sempre há quem ganhe nessas reformas ortográficas (menos o idioma, é claro!). Se observarmos, há sempre um gramático, um lexicógrafo a editar sua obra, estampados na capa os dizeres: «atualizado de acordo com as novas regras ortográficas», ou coisa parecida – muita vez, a obra é lançada antes mesmo da vigência da reforma, como já aconteceu no passado. Como o compromisso desses gramáticos e lexicógrafos é, tão-só, com o seu bolso, não se estão, nem um pouco, importando com o vernáculo – ele que vá para os diabos!
As justificativas para a reforma são as mais estúpidas. A reforma em si é estúpida, porque não possui critério algum (pelo menos os de índole positiva), senão a conveniência de uns poucos e a sua complacência com a deseducação.
Há na reforma, também, como não poderia deixar de ser, incongruências incontáveis. Somente para ilustrar, tem-se o caso dos acentos diferenciais.
Em particular, o diferencial que foi abolido no vocábulo pára (verbo). Segundo os propositores da reforma, seria o contexto que indicaria ser um verbo ou preposição. Será isto possível? Vejamos: acidentalmente, vi um anúncio publicitário de uma loja de móveis e eletrodomésticos, com uma chamada assim: «Para tudo. O Ricardo cobre tudo.». Seria o vocábulo para verbo ou preposição? Os dois; poderiam ser os dois... E o contexto? O contexto não ajuda em nada... Outro exemplo: «Maria para João». Tanto poderia ser um verbo, quanto uma preposição. O contexto tem como indicar se é um verbo ou uma preposição? Definitivamente, não! Como bem se pode ver, a falta de critério lógico foi decisiva para esta cilada promovida pela própria reforma.
Vamos continuar, um pouco mais, a brevíssima análise sobre os diferenciais. Péla (substantivo feminino) passa a ser escrito pela, como pela (verbo) e pela (contração da preposição por + artigo a). E aí vai: «Pela rua abaixo». Tem-se um substantivo feminino, um verbo ou uma preposição? Tanto faz. «Pelo curto»... Tem-se um substantivo masculino, um verbo ou uma preposição? Também, tanto faz! Não é possível, simplesmente pelo contexto, dúbio que é, definir, decifrar o que está escrito, o que impossibilita a comunicação – saliente-se que ler não é tão-somente desvendar um sistema de códigos; é, além disso, interpretar o que está codificado.
Se era para «facilitar» a comunicação – objetivo principal do idioma (é necessário afirmar que somente se pode dizer que há comunicação quando o emissor é compreendido pelo receptor) -, a reforma piorou-a.
O acento agudo do u tônico nos verbos argüir e redargüir, em suas formas rizotônicas, caiu. Então argúo passou a ser escrito arguo; argúis passou a ser arguis; argúa passou a ser argua (observe-se que não há qualquer indicativo de que o u seria tônico); argúem passou a ser arguem (aqui, ainda é pior: sequer se pode dizer que o u seria pronunciado, quanto mais que ele seria tônico)... Quero ver como será a prosódia destes vocábulos à leitura...
O trema... Segundo os proponentes da reforma, o trema cai, mas o u continua a ser pronunciado... E eu que não conheço os vocábulos da língua portuguesa, quando saberei que a letra u é ou não pronunciada? Nunca...
E o que dizer do acento circunflexo das palavras terminadas em ôo e em êem? Qual a justificativa para aboli-lo? Como muitos tombam ao escrever, grafando com diacríticos palavras que não o possuem ou deixando de grafá-los quando exigidos, melhor seria abolir alguns (de acordo com o entendimento de quem tramou a reforma).
E com relação ao hífen? Praticamente, nada foi alterado (muito embora se tenha feito um alarido). Aboliu-se em alguns pouquíssimos casos... Noutros, pouquíssimos também, acrescentou-se... É como chover no molhado...
Se a linguagem é qualquer sistema de sinais, por meio dos quais os seres se comunicam, no intuito de transmitir e receber mensagens – de informação, de expressão de sentimentos etc. -, há de existir efetividade nessa linguagem, ou não se terá a comunicação. E como a escrita é a representação gráfica da linguagem oral – que se baseia na emissão e recepção de sons, que quando combinados formam os sinais significativos das palavras -, nada mais impositivo do que escrever de forma inteligível. E a reforma, definitivamente, não colabora com este desiderato.
Portanto, continuarei a escrever como antes. Quem quiser que me «corrija»!


sábado, 15 de agosto de 2009

Carminis VII - Herbert Haeckel

Carminis VII
(Herbert Haeckel)

Amo-te... De amor, como o vento a liberdade
Ama. Amor que é querente, amor carnal... Amor,
Incorporal amor, que a ti, sem veleidade,
Impertérrito, tenho eu entregue com ardor...

Amo-te... De amor, como o devoto a deidade
Ama; amo-te como ama o alto céu o condor,
Como ama fielmente o casto a castidade, 
E o utópico antecéu, o firme sonhador...

Meu coração, de amor vertido, de abrasante
Amor, canta, feliz, sentimentalidades...
E se a distância fere o peito 'inda ofegante,

Achega-se a esperança... E a dor do coração,
Que já refeito, esvai-se, e de felicidades
Enche-me a alma, expungindo a cruel solidão!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Soneto 27 - Herbert Haeckel

Soneto 27
(Herbert Haeckel)

Na mádida manhã, vai-se a Lua tristonha,
Chorosa de saudade - a angustiante dor -,
Da espera estéril pelo amado, com quem sonha,
Em crido sentimento, enternecer o amor... 

E o Sol luzente acorda, e de longe acompanha
A amante, acanhada, ir-se, ao vir então o alvor...
Chama-a para voltar, mas ela, com vergonha,
Esconde-se fugaz, volvendo ao Sol se pôr...

O par de amantes sofre a eterna desventura,
E, pois, no desencontro, amam-se longemente,
Como amado a ti tenho em perversa lonjura...

Se o Sol à Lua entrega amor alvinitente,
Entrego a ti amor de lirial ternura,
E morro toda a vez que te fazes ausente!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Soneto 6 - Herbert Haeckel


Soneto 6
(Herbert Haeckel)
Creio no homem, como crê a vítima em seu algoz! 
Que ardis temíveis há de esperar, da mentida
Mão afável, já pronta a ferir, com atroz
Ingratidão feléia, a alma em amor atida?

Que infortúnio verei, se na essência feroz
Do homem, lobo de si mesmo, de pervertida
Existência, mendaz, a ânsia, mais que veloz,
Extrai de todo o mal a vilanagem fétida?

E se a adversa fortuna achega-se minaz,
Estende-lhe a mão mui presta o carrasco audaz,
Com a rija intenção de sufocar, abrupto,

O padecente, já com a força exaurida,
E não mitiga o dano: aviva-o, com chaga hórrida,
Pois que revela ter no âmago o vil contempto!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Soneto 4 - Herbert Haeckel

Soneto 4
(Herbert Haeckel)

O putrefeito cheiro exala do cadáver...
Que iracunda ação é a que deriva a morte,
De tão novel rapaz, o qual não pôde ver,
Na curta idade dele, o que o esperava a sorte?

Que indizível temor, umbroso, há de antever
Funesta sensação da ceifa, este transporte
Para o incógnito lado, e assim a demover
O sonho maternal de ver o fruto forte?

A singelez de tudo escapa ao olhar mundano,
E mascara a real feição da exatidão...
E a sorte adversa teima em ser uma mensagem,

Ou até do coração dos pesares o láudano,
De que do corpo a morte é tão-somente então
O livramento da alma a seguir em viagem...

Cláudio Manuel da Costa

CLÁUDIO MANUEL DA COSTA. Poeta e jurista brasileiro, nascido em Vargem do Itacolomi (atualmente Mariana), MG, em 04 de julho de 1729; morreu em Vila Rica (atualmente Ouro Preto), MG, em 04 de julho de 1789. Tornou-se conhecido pela sua obra poética e pelo envolvimento com a Inconfidência Mineira. Foi um advogado de prestígio, fazendeiro abastado, um pensador de mente aberta. Foi mecenas de Aleijadinho. A História oficial diz que Cláudio Manuel da Costa ter-se-ia suicidado, dando-lhe a pecha de covarde e de traidor dos amigos. Entretanto, fortes indícios de que Cláudio da Costa não cometera suicídio, mas teria sido assassinado. O próprio laudo cadavérico que concluíra pelo suicídio é indicador da tese de assassinato, ao registrar que Cláudio da Costa se enforcou usando os cadarços do calção, amarrados numa prateleira, contra a qual ele teria apertado o laço, forçando com um braço e um joelho. Muitos acreditam ser impossível alguém conseguir enforcar-se em tais circunstâncias. Outrossim, há registros de missas, pelo sufrágio de sua alma, realizadas na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto, quando, à época, era proibida a realização de missas pelos suicidas.
O poeta fez parte da transição do Barroco para o Arcadismo. Seus sonetos herdaram a tradição camoniana.



Soneto LXIV

Que tarde nasce o Sol, que vagaroso!
Parece que se cansa de que a um triste
Haja de parecer: quando resiste
A seu raio este sítio tenebroso!

Não pode ser que o giro luminoso
Tanto tempo detenha: se persiste
Acaso o meu delírio! se me assiste
Ainda aquele humor tão venenoso!

Aquela porta ali se está cerrando;
Dela sai o Pastor: outro assobia,
E o gado para o monte vai chamando.

Ora não há mais louca fantasia!
Mas quem anda, como eu, assim penando,
Não sabe quando é noite, ou quando é dia.


domingo, 2 de agosto de 2009

Soneto 7 - Herbert Haeckel

Soneto 7
(Herbert Haeckel)

Na putrilagem, fez-se homem de patrimônio,
Que com capuz de honesto, ele enganava, igual
Sem ter, o tolo e o incauto... E o célebre palrônio
Não poupava ninguém, como lhe era usual...

Acoberta a miúdo intelecto lacônio,
É por sem dúvida um parvo tão desigual!
E o pascácio é audaz: faz do encargo um telônio,
Com pouco siso, mui rendoso e inusual...

De aspeto pigmeu, é até no gênio escasso:
Se o agastam, faz-se fera, e aligeira a vindita -
Esta que é sua marca -, e chega e se avoluma...

Mas quem é este lorpa, incurado, devasso,
De essência enodoada e de cólera abscôndita?
Eis então o elemento atroz: «O homem cai. (Uma)»!

 

Pensamentos...



«Mesmo a mulher mais sincera esconde algum segredo no fundo do seu coração.» (Kant)

«Assim como se diz que a hipocrisia é o maior elogio da virtude, a arte de mentir é o mais forte reconhecimento da força da verdade.» (William Hazlitt)

«Conhecer a verdade não é o mesmo que amá-la e amar a verdade não equivale a deleitar-se com ela.» (Confúcio)

«A água corre tranqüila quando o rio é fundo.» (William Shakespeare)

«O repouso é bom, mas o tédio é irmão do repouso.» (Voltaire)

«Você será avarento se conviver com homens mesquinhos e avarentos. Será vaidoso se conviver com homens arrogantes. Jamais se livrará da crueldade se compartilhar sua casa com um torturador. Alimentará sua luxúria confraternizando-se com os adúlteros. Se quer livrar-se de seus vícios, mantenha-se afastado do exemplo dos viciados.» (Sêneca)

«É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja» (Demóstenes)

«Precisamos parecer um pouco com os outros para compreender os outros, mas precisamos ser um pouco diferentes para amá-los.» (Paul Géraldy)

«O que sabemos é uma gota e o que ignoramos é um oceano.» (Isaac Newton)

«Na atual sociedade, em que os valores estão invertidos, o dinheiro é capaz de comprar tudo, inclusive a verdade, a amizade e o amor. Mas, findo o dinheiro, esgotam-se, também, e ao mesmo tempo, as verdades, as amizades e os amores por ele comprados.» (Herbert Haeckel)

Curiosidades

Calcula-se que há 100 milhões de insetos para cada ser humano.

A maior borboleta do mundo é a Queen Alexandra Birdwing, encontrada numa pequena área da floresta tropical no norte da Papua Nova Guiné. A fêmea, que é maior que o macho, pode chegar a 31 cm de envergadura e ter massa de até 12kg. Está ameaçada de extinção, em razão da destruição de seu habitat natural.

O órgão sexual da aranha macha está localizado no final de uma de suas patas.

As abelhas possuem cinco olhos; três pequenos no topo da cabeça e os dois maiores na frente.

Alguns insetos conseguem viver até um ano sem a cabeça.

Uma barata pode viver até 6 dias sem a cabeça; acaba morrendo de fome, porque não tem como se alimentar.

As formigas comunicam-se por meio do olfato.

Mosquitos são atraídos duas vezes mais pela cor azul do que por qualquer outra cor.

O inseto com o maior cérebro em relação ao tamanho do corpo é a formiga.

Os mosquitos fêmeos chupam o sangue, porque necessitam das proteínas para desenvolver os ovos que carregam.

Uma asa de mosquito move-se mil vezes a cada segundo.

As moscas domésticas vivem apenas 2 semanas.

Os mosquitos causaram mais mortes do que todas as guerras juntas.

A luz dos vaga-lumes é produzida pela oxidação de uma substância química chamada luciferina na presença de uma enzima chamada luciferase, de ATP (fonte de energia) e de magnésio. A cor e o ritmo da luz variam de acordo com a espécie. O animal pode controlar a produção, a duração e a intermitência (quantas vezes acende e apaga) da luz. A luminescência é um aviso aos inimigos para que se afastem. Nos adultos, também tem a função de atrair a fêmea para o acasalamento.