Quem defende a nova política?
(Herbert Haeckel)
Ouço o canto da sereia... Mergulho, desavisado que sou, nas águas tépidas à procura da bela mulher que me acenava ao longe e me enebriava com seu canto encantador...
Já próximo àquela fêmea de rosto angelical, descubro-me em terríveis e invencíveis apuros: ela não possui coxas nem pernas, mas um rabo de peixe, de cintilantes escamas. Também não sei nadar. Contristo-me. Mas, agora é tarde! Farei, desalentado, companhia à Inês...
A nova política é o sedutor canto das sereias.
Vale-se, principalmente, dos nossos desejos mais recônditos e, outrossim, da necessidade que sentimos de experimentar o desconhecido.
De novo, nada há, senão a impressão de nova roupagem, que já se apresenta rota mesmo antes do uso. Basta uma pequena análise para perceber que a roupa é aquele andrajo vestido pelo avesso.
A nova política nada mais é que a velha política de privilégios, de concentração de riquezas, de liquidação (higienismo) dos miseráveis...
Ela surge num contexto de diminuição das desigualdades sociais, ainda que essa diminuição fosse quase imperceptível.
As oligarquias nunca admitiram, e não admitirão, perder um milímetro quadrado de seu espaço.
E para executar este intento, rostos novos, caras jovens, de sucesso (ainda que incipiente) figuram nos papéis principais e nos coadjuvantes. São esses os atores que se projetam na grande tela de nossos anseios, fazendo-nos acreditar que existe uma relação meritocrática entre o não-ter e o ter.
Quem há de dizer que não se sentiu, ao menos por alguns segundos, hipnotizado, seduzido, pelas melódicas notas musicais saídas dos discursos desses representantes da nova política?
Todavia, não vos enganeis!
Eles foram doutrinados exatamente para isso: para que vós os olhais com os olhos da ingenuidade e que enxergais neles a solução para os vossos problemas. Ledo engano! Com o passar do tempo, vereis, desiludidos, que vossos problemas apenas começaram...