Soneto 5
(Herbert Haeckel)
Brandamente, descansa a pupa na crisálida...
Brandamente, descansa a pupa na crisálida...
Metamórfica larva, antes ovo, preâmbulo
Do livre voo, por sobre os lises de flor pálida,
Da imago multicor, de longínquo incunábulo!
Já livre, a borboleta, ao escapulir da sólida
Já livre, a borboleta, ao escapulir da sólida
Casucha, ganha o céu... Abandona alto o ergástulo...
Em ruflo vigoroso, ela, por demais lépida,
Solta-se, revelando o incomum espetáculo!
Também a alma, em seu claustro, é lá aprisionada,
Também a alma, em seu claustro, é lá aprisionada,
Como em casulo a pupa está... Se livre voa
A borboleta ao céu, a alma, 'inda acantonada,
Aspira, mui ansiosa, ao voo em liberdade...
Aspira, mui ansiosa, ao voo em liberdade...
E do efêmero corpo, o que assaz a agrilhoa,
Desata-se, feliz, e ganha a Eternidade!