
AUTA DE SOUZA. Nasceu em Macaíba, RN, em 12 de setembro de 1876; faleceu em Natal, em 7 de fevereiro de 1901. Poetiza brasileira, da segunda geração romântica (Ultra-Romântica, Byroniana ou Mal do Século).
Apesar de ligar-se ao Romantismo, alguns de seus poemas tinhas influência simbolista. Segundo Luís Câmara Cascudo, é a maior poetisa mística do Brasil.
Ficou órfã aos três anos. Quando tinha doze anos, seu irmão mais novo, Irineu Leão Rodrigues de Souza, morre em um acidente. Aos catorze anos, teve o diagnóstico de tuberculose (doença que matou seus pais). Apesar da doença, começou a escrever aos dezesseis anos.Por volta de 1895, Auta conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, Promotor Público de sua cidade natal. Tiveram um namoro que durou 1 ano, quando fora, pelos irmãos, que temiam pelo seu estado de saúde, obrigada a romper o namoro. Logo depois da separação, João Leopoldo da Silva Loureiro morre vitimado pela tuberculose. Esta frustração amorosa se tornaria o quinto fator marcante de sua obra, junto à religiosidade, à orfandade, à morte trágica de seu irmão e à tuberculose.
A poetisa, então, encerrou seu primeiro livro de manuscritos, intitulado Dhálias, que mais tarde seria publicado sob o título de Horto.
Auta de Souza morreu em decorrência de tuberculose.
Num Leque
Na gaze loura d'este leque adeja
Não sei que aroma místico e encantado...
Doce morena! Abençoado seja
O doce aroma de teu leque amado!
Quando o entreabres, a sorrir, na Igreja,
O templo inteiro fica embalsamado...
Até minh'alma carinhosa o beija,
Como a toalha de um altar sagrado.
E enquanto o aroma inebriante voa,
Unido aos hinos que, no coro, entoa
A voz de um órgão soluçando dores,
Só me parece que o choroso canto
Sobe da gaze de teu leque santo,
Cheio de luz e de perfume e flores!
Não sei que aroma místico e encantado...
Doce morena! Abençoado seja
O doce aroma de teu leque amado!
Quando o entreabres, a sorrir, na Igreja,
O templo inteiro fica embalsamado...
Até minh'alma carinhosa o beija,
Como a toalha de um altar sagrado.
E enquanto o aroma inebriante voa,
Unido aos hinos que, no coro, entoa
A voz de um órgão soluçando dores,
Só me parece que o choroso canto
Sobe da gaze de teu leque santo,
Cheio de luz e de perfume e flores!