(Herbert Haeckel)
Nove
entre dez pessoas no Mundo carregam consigo o preconceito de gênero, segundo
estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgado
há menos de uma semana. Esse preconceito inclui, principalmente, a falsa concepção de
que a mulher seria inferior ao homem, e que por isso não mereceria o mesmo
tratamento que se dá aos homens, que não deveria ocupar os mesmos espaços que o
homem ocupa, que deveria exercer uma função secundária na sociedade...
Em 2019, foram
assassinadas no Brasil 1.314 mulheres. As motivações foram várias, mas, um
atributo é comum a todos esses assassinatos: o preconceito de gênero, que
insiste em colocar a mulher num plano inferior.
Há uma equivocada e
nefasta concepção de que a mulher é objeto de dominação. Ela, sobremaneira ao
relacionar-se com alguém, passa a ser vista como a propriedade daquele com quem se relaciona, que a priva, em todos os
sentidos, de viver a sua própria vida. Há milhares de maridos, companheiros, namorados, pais,
irmãos, tios, colegas etc. que se veem numa fictícia superioridade e que se
acham capazes de decidir o destino de uma mulher.
Não é fácil ser mulher,
principalmente numa sociedade baseada no patriarcalismo e no machismo.
Não é fácil ser mulher
numa sociedade em que se pratica, muita vez com disfarces, o preconceito de
gênero.
Não é fácil ser mulher
numa sociedade em que há misoginia.
Não é fácil ser mulher
numa sociedade em que há a hipocrisia de homenageá-la num único dia do ano e
desprestigiá-la nos demais dias do ano, colocando-a num plano de inferioridade,
humilhando-a, violentando-a, torturando-a, assediando-a, matando-a...
Não há mais espaço para
estes tipos de comportamento. Afinal, estamos a ingressar na terceira década do
terceiro milênio...
Dia 8 de Março, hoje
para mim, é dia de reflexão, é dia de silenciar-me para permitir-me ouvir o
grito ensurdecedor de quem é vilipendiada, é torturada, é assediada, é
espancada, é violentada, é assassinada em todos os dias do ano; é dia de calar
a minha voz para que se façam ouvir as vozes de quem a sociedade cruelmente,
desumanamente amordaçou.
E que nos outros dias do
ano eu possa ouvir e fazer reverberar as vozes de quem não curvou a cerviz e
levantou-se contra a masculinidade doentia, tóxica.
Laíses, Amélias, Anas, Marias, Patrícias, Brunas, Emílias, Marisas, Micheles, Ideais, Olímpias,
Sônias, Jumárias, Adrianas, Cristinas, Elzas, Elizas, Elzanes, Hirleides,
Lívias, Luzinetes, Lucianas, Iracys, Marinas, Naiaras, Sandras, Renatas, Lúcias, Tânias,
Neides, Antônias, Márcias, Alessandras, Noelys, Iracemas, Luízas, Helenas,
Jaquelines, Magdas, Janeides, Joanas, Virgínias, Dandaras, Josefinas, Nísias, Anitas, Emmelines, Berthas, Jerônymas, Pagus, Olgas, Sophias, Simones, Shirleys, Leilas, Lauras, Roses, Auroras, Suelys, Alceris, Marilenas, Iaras, Dinalvas,
Catarinas, Nildas, Zuzus, Dilmas, Vanessas, Manuelas, Fernandas, Natálias, Janaínas, Romildas,
Jusselias, Alices, Carolinas, Célias, Marianas, Milenas, Marielles, este não é o vosso único dia!
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