CRÔNICAS - Herbert Haeckel
Nada que o tempo não cure...
(Herbert Haeckel)
Costuma-se dizer que amigo é o irmão que podemos escolher. Eu generalizo: é o parente que podemos escolher.
Se não bastasse o fatalismo do parentesco consanguíneo, do qual não há escapatória, ficamos sujeitos às escolhas nossas e de nossos parentes com relação ao cônjuge, o que determinará o parentesco por afinidade.
Molibdênio Fizzera tinha um apego excessivo com os animais. Amava-os. Exageradamente.
Seus pais, em princípio, achavam lindo e maravilhoso. Começaram a preocupar-se com o passar do tempo.
Molibdênio cresceu. Cultuou hábitos nada ortodoxos.
Quis ser veterinário. Não pôde. Contentou-se com as ciências agrárias.
Vejo que um ou outro, timidamente, pergunta-se qual a origem do nome... Acaso seus pais seriam químicos?
Não iria falar sobre isso. Mas, a circunstância reclama o esclarecimento: dera-lhe o nome sua mãe. Ela era de pouquíssimas letras, além de possuir uma indescritível preguiça para pensar. Viu o nome numa placa na botica de Jeremias Cascoverde: “óxido de molibdênio VI”. Encantou-se. Mais do que imaginais, as pessoas se encantam com aquilo que não conhecem...
Não conseguiu que seu marido registrasse o filho com o nome Óxido de Molibdênio. Ficou somente Molibdênio.
Desculpai o meu impulso digressivo! Prossigamos!
Como disse alhures, Molibdênio amava os bichos.
Foi numa exposição de muares que Molibdênio conheceu Sidicleia. Eu não acreditava em amor à primeira vista. A partir daí, revi meu conceito sobre a temática do amor instantâneo.
Molibdênio adquiriu Sidicleia. Pagou caro por isso. Muito caro. Mas, nada lhe importava.
Sidicleia era uma jumentinha da raça Pega. Para Molibdênio, era a jumentinha mais linda do mundo! Não se cansava de declinar, como poesia, os atributos físicos de Sidicleia. A cabeça, o pescoço, as espáduas, a cernelha, o lombo-dorso, a garupa, as coxas, os boletos, os jarretes, a cauda... Tudo estava, para Molibdênio, em perfeita harmonia!
Eis que Molibdênio anuncia o inesperado: iria casar-se com Sidicleia. Casaram-se. Sem pompa e circunstância, é bem verdade.
A mãe de Molibdênio ganhou uma nora jumenta. E para seu desgosto, reconheço, teve de aceitá-la.
Os parentes, que não podiam opor-se ao novo membro da família, também tiveram de aceitá-la. Não lhes cabia a escolha.
Como o tempo é o melhor remédio para as devidas adaptações ao inusitado, ao passarem por Sidicleia no verde pasto, logo cedo, pela manhã, acostumaram-se a dizer:
- Bom dia, prima!
Se não bastasse o fatalismo do parentesco consanguíneo, do qual não há escapatória, ficamos sujeitos às escolhas nossas e de nossos parentes com relação ao cônjuge, o que determinará o parentesco por afinidade.
Molibdênio Fizzera tinha um apego excessivo com os animais. Amava-os. Exageradamente.
Seus pais, em princípio, achavam lindo e maravilhoso. Começaram a preocupar-se com o passar do tempo.
Molibdênio cresceu. Cultuou hábitos nada ortodoxos.
Quis ser veterinário. Não pôde. Contentou-se com as ciências agrárias.
Vejo que um ou outro, timidamente, pergunta-se qual a origem do nome... Acaso seus pais seriam químicos?
Não iria falar sobre isso. Mas, a circunstância reclama o esclarecimento: dera-lhe o nome sua mãe. Ela era de pouquíssimas letras, além de possuir uma indescritível preguiça para pensar. Viu o nome numa placa na botica de Jeremias Cascoverde: “óxido de molibdênio VI”. Encantou-se. Mais do que imaginais, as pessoas se encantam com aquilo que não conhecem...
Não conseguiu que seu marido registrasse o filho com o nome Óxido de Molibdênio. Ficou somente Molibdênio.
Desculpai o meu impulso digressivo! Prossigamos!
Como disse alhures, Molibdênio amava os bichos.
Foi numa exposição de muares que Molibdênio conheceu Sidicleia. Eu não acreditava em amor à primeira vista. A partir daí, revi meu conceito sobre a temática do amor instantâneo.
Molibdênio adquiriu Sidicleia. Pagou caro por isso. Muito caro. Mas, nada lhe importava.
Sidicleia era uma jumentinha da raça Pega. Para Molibdênio, era a jumentinha mais linda do mundo! Não se cansava de declinar, como poesia, os atributos físicos de Sidicleia. A cabeça, o pescoço, as espáduas, a cernelha, o lombo-dorso, a garupa, as coxas, os boletos, os jarretes, a cauda... Tudo estava, para Molibdênio, em perfeita harmonia!
Eis que Molibdênio anuncia o inesperado: iria casar-se com Sidicleia. Casaram-se. Sem pompa e circunstância, é bem verdade.
A mãe de Molibdênio ganhou uma nora jumenta. E para seu desgosto, reconheço, teve de aceitá-la.
Os parentes, que não podiam opor-se ao novo membro da família, também tiveram de aceitá-la. Não lhes cabia a escolha.
Como o tempo é o melhor remédio para as devidas adaptações ao inusitado, ao passarem por Sidicleia no verde pasto, logo cedo, pela manhã, acostumaram-se a dizer:
- Bom dia, prima!
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