CRÔNICAS - Herbert Haeckel
São outros quinhentos
(Herbert Haeckel)
Depois de 800 anos de dominação árabe na Península Ibérica, os Reis Católicos expulsaram o invasor. Nem todos, obviamente...
Sérvulo, o mouro, como era conhecido, não nasceu europeu. Era mouro, como bem se pode deduzir... Nada contra o povo do islã! Que isto fique bem claro!
Sérvulo, o mouro, converteu-se ao catolicismo. Por conveniência, é bem verdade. Mas, converteu-se. Aspirava a uma ocupação na Corte de Dom Fernando II de Aragão.
Tinha um perfil peculiar: bajulador, venal, ardiloso, vingativo, dissimulador e mentiroso, muito mentiroso. Ademais, era pequeno. Não somente no nome, não somente na estatura.
Para esconder a tez mui morena, adquirida geneticamente, e cujo fenótipo foi intensificado pelo sol escaldante do Saara, vestia-se com roupas pretas, que davam a falsa impressão de ser mais claro do que realmente não era. Tinha aversão às suas origens. Queria, primeiro, ser ibero. Depois, com a notícia que chegava do aventureiro genovês, financiado pelos Reis Católicos, acerca do grande achado do final do século XV, sonhava em ser americano. Mas, isto era segredo seu...
Sonhador - esqueci-me de incluir este atributo no rol acima! - Sérvulo, o mouro, fazia planos, já contando como certa a sua ida para o Novo Mundo.
Todavia, necessitava, antes, consolidar-se na Corte. E acumular metais.
Sérvulo, o mouro, era hábil em persuadir as pessoas - isto eu não posso negar! Com sua voz fina, mas nada melodiosa, conseguia atrair a confiança da maior parte das pessoas, que, desavisadamente, viam naquele homem de preto uma sincera e angelical pessoa.
Finalmente, Sérvulo, o mouro, depois de muito bajular a rainha consorte, Dona Isabel de Castela, conseguiu uma ocupação na Corte: ficou responsável por zelar pela fé, função análoga à dos juízes das 12 Tribos, das quais narra o Velho Testamento.
Adquiriu notoriedade. Não em razão do zelo pela fé, mas em decorrência de sua volubilidade.
De acordo com a conveniência da situação, mudava de opinião, como a pluma muda de direção conforme o vento. Para isto, estendia sua mão direita para a frente e dizia:
- Mas aí, são outros quinhentos!
Depois, guardava contentemente um saco com 125 moedas de 4 maravedis...
Sérvulo, o mouro, como era conhecido, não nasceu europeu. Era mouro, como bem se pode deduzir... Nada contra o povo do islã! Que isto fique bem claro!
Sérvulo, o mouro, converteu-se ao catolicismo. Por conveniência, é bem verdade. Mas, converteu-se. Aspirava a uma ocupação na Corte de Dom Fernando II de Aragão.
Tinha um perfil peculiar: bajulador, venal, ardiloso, vingativo, dissimulador e mentiroso, muito mentiroso. Ademais, era pequeno. Não somente no nome, não somente na estatura.
Para esconder a tez mui morena, adquirida geneticamente, e cujo fenótipo foi intensificado pelo sol escaldante do Saara, vestia-se com roupas pretas, que davam a falsa impressão de ser mais claro do que realmente não era. Tinha aversão às suas origens. Queria, primeiro, ser ibero. Depois, com a notícia que chegava do aventureiro genovês, financiado pelos Reis Católicos, acerca do grande achado do final do século XV, sonhava em ser americano. Mas, isto era segredo seu...
Sonhador - esqueci-me de incluir este atributo no rol acima! - Sérvulo, o mouro, fazia planos, já contando como certa a sua ida para o Novo Mundo.
Todavia, necessitava, antes, consolidar-se na Corte. E acumular metais.
Sérvulo, o mouro, era hábil em persuadir as pessoas - isto eu não posso negar! Com sua voz fina, mas nada melodiosa, conseguia atrair a confiança da maior parte das pessoas, que, desavisadamente, viam naquele homem de preto uma sincera e angelical pessoa.
Finalmente, Sérvulo, o mouro, depois de muito bajular a rainha consorte, Dona Isabel de Castela, conseguiu uma ocupação na Corte: ficou responsável por zelar pela fé, função análoga à dos juízes das 12 Tribos, das quais narra o Velho Testamento.
Adquiriu notoriedade. Não em razão do zelo pela fé, mas em decorrência de sua volubilidade.
De acordo com a conveniência da situação, mudava de opinião, como a pluma muda de direção conforme o vento. Para isto, estendia sua mão direita para a frente e dizia:
- Mas aí, são outros quinhentos!
Depois, guardava contentemente um saco com 125 moedas de 4 maravedis...
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